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Adjudicação Compulsória: Entenda Quando e Como Usar

por souadvogado
adjudicação compulsória

📝 Introdução

Adjudicação compulsória é o caminho legal utilizado por quem comprou um imóvel, quitou totalmente o valor acordado, mas não consegue registrar a escritura por falta de cooperação do vendedor.

Esse instrumento jurídico é essencial para garantir o direito à propriedade quando há descumprimento contratual, especialmente em casos de promessas de compra e venda não formalizadas no cartório.

Em 2022, a legislação brasileira evoluiu e passou a permitir a adjudicação compulsória extrajudicial, trazendo mais agilidade e menos burocracia para situações que antes dependiam exclusivamente do Judiciário.

Neste artigo, vamos explicar quando a adjudicação compulsória pode ser utilizada, quais são os requisitos legais, a diferença entre o procedimento judicial e extrajudicial, além de mostrar como comprovar a quitação do imóvel e o que fazer em caso de resistência do vendedor.

Tudo isso com base na legislação atualizada, decisões dos tribunais e uma linguagem acessível para quem precisa resolver essa situação de forma segura.

📌 Adjudicação Compulsória: O Que É, Quem Pode Pedir, Quais São os Tipos e Como Funciona

📖 O que é adjudicação compulsória?

A adjudicação compulsória é uma ação legal que permite ao comprador de um imóvel obter a escritura definitiva e registrar a propriedade em seu nome, mesmo que o vendedor se recuse, desapareça ou esteja impedido de assinar a escritura.

Esse instrumento jurídico existe para corrigir injustiças nas transações imobiliárias, garantindo que quem cumpriu o contrato e quitou o imóvel possa exercer plenamente seu direito à propriedade, sem depender da vontade da outra parte.

Ela também pode ser usada de forma inversa, quando o vendedor precisa forçar o comprador a receber o imóvel, regularizando a situação.

👥 Quem Pode Pedir a Adjudicação Compulsória?

Embora geralmente seja usada pelo comprador, outras pessoas também estão legalmente habilitadas para requerer a adjudicação compulsória, dependendo do contexto:

LegitimadoSituação
🧑‍💼 Comprador do imóvelQuitou o imóvel e não consegue registrar por recusa, ausência ou falecimento do vendedor.
🏠 Vendedor (adjudicação inversa)O comprador não colabora para lavrar a escritura e o vendedor permanece vinculado ao bem.
⚖️ Credor em execução judicialRequer a adjudicação do bem do devedor como forma de pagamento da dívida (art. 825 do CPC).
👨‍👩‍👧‍👦 Família do executadoCônjuge, companheiro, descendentes e ascendentes (art. 876, §5º, CPC).
💼 Credores concorrentesQuando vários credores têm penhora sobre o mesmo bem, todos podem requerer adjudicação concorrente.

🧩 Quais São os Tipos de Adjudicação Compulsória?

O termo adjudicação pode ter diferentes significados conforme a finalidade e o processo. No contexto imobiliário e processual, os principais tipos são:

TipoDescrição
Adjudicação compulsória judicialRealizada por meio de ação judicial, com sentença que substitui a vontade da parte inadimplente.
📝 Adjudicação compulsória extrajudicialFeita diretamente no cartório, com base na Lei nº 14.382/2022, se não houver litígio.
🔁 Adjudicação compulsória inversaIniciada pelo vendedor quando o comprador se recusa a registrar o imóvel.
⚖️ Adjudicação em execução (CPC)Credores recebem bens do devedor como forma de quitar dívidas em ações judiciais.
🤝 Adjudicação concorrenteQuando múltiplos credores têm interesse sobre o mesmo bem penhorado e podem disputá-lo.

🧭 Como Funciona a Adjudicação Compulsória?

A adjudicação compulsória pode ser feita de duas formas distintas: judicial (via ação no Poder Judiciário) ou extrajudicial (diretamente no cartório de registro de imóveis), a depender da existência de litígio entre as partes.

⚖️ Judicial (Poder Judiciário)

Nesta modalidade, o comprador (ou vendedor, no caso inverso) entra com uma ação judicial, apresentando:

  • Contrato de compra e venda
  • Comprovantes de quitação do imóvel
  • Provas da recusa, ausência ou impossibilidade do vendedor

Se o juiz considerar o pedido procedente, proferirá uma sentença que substitui a assinatura do vendedor, permitindo o registro da propriedade no cartório de registro de imóveis com base na carta de adjudicação.

Essa via é obrigatória quando há litígio entre as partes ou quando a documentação estiver incompleta ou contestada.

🏛️ Extrajudicial (Cartório de Registro de Imóveis)

Com a entrada em vigor da Lei nº 14.382/2022, tornou-se possível realizar a adjudicação compulsória sem ação judicial, por meio de um procedimento direto no:

➡️ Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição onde o imóvel está matriculado

Esse procedimento está previsto no Art. 216-B da Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/1973), incluído pela nova lei, e foi regulamentado nacionalmente pelo Provimento CNJ nº 150/2023, que detalha as exigências e etapas do procedimento extrajudicial.

Requisitos da via extrajudicial:

  • Não pode haver litígio entre comprador e vendedor
  • O imóvel deve estar quitado
  • Deve existir contrato válido de compra e venda
  • O comprador deve apresentar declaração de recusa ou ausência do vendedor
  • Toda a documentação deve estar regular e atualizada

O oficial do cartório analisa a documentação apresentada. Estando tudo correto, o registro da adjudicação é realizado diretamente na matrícula do imóvel.

📌 Importante – Adjudicação Extrajudicial

O procedimento extrajudicial é mais rápido e menos burocrático, mas exige rigor técnico na documentação apresentada.

👨‍⚖️ Por isso, é altamente recomendável contar com apoio jurídico especializado, para garantir que todos os requisitos legais sejam cumpridos e evitar indeferimentos no cartório.
📌 Resumo: A adjudicação pode ocorrer judicialmente ou em cartório, e pode ser usada tanto por compradores quanto por vendedores ou credores. É a solução ideal quando há impossibilidade de regularizar o imóvel por meios tradicionais.
🔍 Dica: A via extrajudicial costuma ser mais rápida, mas só é possível se não houver litígio entre as partes.

⚖️ Quando Cabe uma Ação de Adjudicação Compulsória?

A ação de adjudicação compulsória é cabível sempre que uma das partes do contrato de compra e venda cumpre suas obrigações contratuais, mas não consegue concluir o registro do imóvel por causa da omissão, recusa ou impedimento da outra parte.

Na prática, ela é muito utilizada em situações em que a escritura definitiva não é lavrada por culpa de uma das partes, seja o vendedor ou, em casos inversos, o comprador.

🛑 Casos comuns em que cabe a adjudicação compulsória:

Recusa do vendedor em assinar a escritura
Mesmo com o pagamento integral, o vendedor se recusa a formalizar a transferência do imóvel.

Impossibilidade do vendedor
Quando o vendedor falece, está interditado ou é juridicamente impedido de outorgar a escritura.

🕵️‍♂️ Vendedor desaparecido ou não localizado
Impede a lavratura do documento e o registro em cartório, mesmo com o contrato quitado.

🔁 Recusa do comprador em cooperar com a escritura
No caso da adjudicação compulsória inversa, o comprador não comparece ou não colabora para o registro, mantendo o imóvel em nome do vendedor, que continua responsável por ele (inclusive por impostos e taxas).

📌 Fique atento: Se uma das partes cumpriu o contrato e a outra **cria impedimentos à formalização da escritura**, é possível requerer judicialmente ou em cartório a adjudicação compulsória do imóvel.

Requisitos para pedir a adjudicação compulsória

Para que seja possível utilizar esse instrumento, é necessário comprovar:

RequisitoExplicação
📃 Contrato de compra e vendaDeve ser válido, conter a obrigação de outorga da escritura e estar devidamente assinado pelas partes.
💰 Quitação total pelo compradorO comprador precisa ter cumprido integralmente suas obrigações, especialmente o pagamento do preço.
Recusa ou impossibilidade do vendedorA negativa ou ausência do vendedor em formalizar a escritura é condição essencial.
🚫 Sem direito de arrependimentoSe houver cláusula de arrependimento, ela precisa estar superada para que o pedido seja aceito.
🔍 Importante: Não é necessário que o contrato esteja registrado no cartório para que a adjudicação compulsória seja possível, conforme Súmula 239 do STJ.

🛠️ O que fazer na prática?

Se você comprou um imóvel, já quitou tudo e está enfrentando dificuldade para obter a escritura definitiva — seja porque o vendedor sumiu, faleceu ou se recusa a assinar —, veja o que deve fazer:

✅ Passo a passo para regularizar sua situação:

1️⃣ Reúna toda a documentação

• Contrato de compra e venda (público ou particular)
• Comprovantes de pagamento integral
• Certidões pessoais e do imóvel
Cópias de notificações enviadas ao vendedor (por carta registrada ou cartório), caso você já tenha solicitado formalmente a assinatura da escritura e ele tenha se recusado ou não respondido.

Essas notificações servem como prova de tentativa de solução amigável e reforçam que houve recusa, omissão ou silêncio da parte contrária, requisito essencial para a adjudicação compulsória.

2️⃣ Verifique se há litígio

Se o vendedor não responde, sumiu ou se recusa formalmente, e não há disputa jurídica, é possível tentar a via extrajudicial.
⚖️ Caso haja desacordo ou contestação, a via obrigatória será judicial.

3️⃣ Procure um advogado de confiança

Embora não seja obrigatório na via extrajudicial, um advogado pode garantir que a documentação esteja completa, evitar recusas no cartório e até atuar judicialmente se necessário.

4️⃣ Identifique o cartório competente

A adjudicação extrajudicial é feita no Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição onde o imóvel está matriculado.

5️⃣ Apresente o requerimento formal com os documentos

O cartório analisará os documentos. Se estiver tudo correto e não houver litígio, será feito o registro diretamente em seu nome.

6️⃣ Na via judicial, ingresse com a ação de adjudicação compulsória

O advogado apresentará a petição inicial com todos os documentos. Se procedente, o juiz emitirá a carta de adjudicação, que será levada ao cartório para o registro.

📚 Mini Glossário

🧾 Adjudicação compulsória
Ação judicial ou cartorária que permite registrar um imóvel em nome do comprador, mesmo sem a assinatura do vendedor.

📄 Promitente comprador
Pessoa que comprou um imóvel por contrato, mas ainda não tem a escritura definitiva registrada.

✍️ Promitente vendedor
Pessoa que vendeu um imóvel, mas não formalizou a transferência da propriedade.

🔁 Adjudicação inversa
Quando o vendedor entra com a ação para obrigar o comprador a registrar o imóvel em seu nome.

📃 Carta de adjudicação
Documento emitido pelo juiz que substitui a assinatura do vendedor e autoriza o registro da propriedade.

⚖️ Execução por quantia certa
Ação judicial para cobrar uma dívida, em que bens do devedor podem ser adjudicados ao credor.

📜 Registro de imóvel
Etapa obrigatória para formalizar a transferência da propriedade perante terceiros.

🖋️ Escritura pública
Documento feito em cartório que oficializa a compra e venda de um bem imóvel.

📂 Contrato de compra e venda
Acordo entre comprador e vendedor sobre os termos da negociação do imóvel, que pode ser usado como base para adjudicação.

🏛️ Lei nº 14.382/2022
Norma que criou a possibilidade de adjudicação compulsória extrajudicial diretamente nos cartórios.

✅ Conclusão

A adjudicação compulsória é uma ferramenta jurídica indispensável para quem deseja garantir a efetiva transferência da propriedade de um imóvel já quitado, mas enfrenta resistência, omissão ou impedimento por parte do vendedor.

Com a possibilidade de realizar esse procedimento extrajudicialmente (Lei nº 14.382/2022), o processo tornou-se mais acessível, rápido e menos burocrático para quem deseja regularizar sua situação.

Além disso, o instituto também protege o vendedor quando o comprador não colabora para o registro, e ainda pode ser usado por credores em ações de execução, conforme previsto no Novo CPC. Saber quando e como utilizar a adjudicação compulsória é essencial para evitar prejuízos e garantir segurança nas transações imobiliárias.

🛡️ No souadvogado.com, você encontra informação segura e acessível para defender os seus direitos e da sua família. Em caso de dúvida, procure a Defensoria Pública ou um Advogado Especializado em Direito Civil e Direito Imobiliário.

📎 Veja também:

👉 Usucapião Extrajudicial e Usucapião Judicial: Entenda as Diferenças

👉 Planejamento Sucessório 2025

👉 Cuidados ao Comprar um Imóvel Usado

👉 Contrato de Compra e Venda de Imóvel: Cláusulas Essenciais e Cuidados

👉 3 Passos para Regularizar Imóvel Não Escriturado

📚 Fontes Jurídicas Utilizadas no Artigo

📌 Constituição Federal de 1988
• Art. 5º, inciso XXII – Garante o direito de propriedade.
• Art. 5º, inciso XXXV – Assegura o acesso à Justiça para a defesa de direitos lesados.

📌 Código Civil – Lei nº 10.406/2002
• Art. 421 – Estabelece a função social do contrato.
• Art. 422 – Impõe a boa-fé objetiva na execução dos contratos.
• Art. 1.417 – Permite a adjudicação compulsória ao promitente comprador que quitou o imóvel.
• Art. 1.418 – Reconhece o direito real à aquisição resultante de promessa de compra e venda.

📌 Decreto-Lei nº 58/1937
• Art. 22 – Obriga o loteador a outorgar a escritura definitiva após o cumprimento do contrato.

📌 Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
• Art. 497 – Trata da tutela específica de obrigação de fazer.
• Art. 538 – Prevê que a sentença pode substituir a vontade da parte inadimplente.
• Art. 825 – Define a adjudicação como forma de expropriação de bens.
• Art. 876 – Rege a adjudicação de bens penhorados em ações de execução.
• Art. 876, §5º – Estende o direito de adjudicação a familiares e credores concorrentes.

📌 Lei de Registros Públicos – Lei nº 6.015/1973
• Art. 221 – Lista os documentos aptos para registro no cartório de imóveis.
• Art. 246 e 247 – Estabelecem as regras para registro de atos relacionados à adjudicação.

📌 Lei nº 14.382/2022
• Art. 216-B – Introduz a possibilidade de adjudicação compulsória extrajudicial, diretamente em cartório.

📌 Súmula 239 do STJ
• “O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis.”

📌 Súmula 413 do STF
• “O compromisso de compra e venda de imóveis, ainda que não registrado, é oponível a terceiros, quando celebrado por instrumento público.”

📌 Tema 1086/STJ
• Reafirma que a adjudicação compulsória é válida mesmo sem o registro do contrato, desde que comprovada a quitação e a intenção das partes.

🌐 Links externos úteis

🔗 Constituição da República Federativa do Brasil

🔗 Lei nº 13.105/2015 – Código de Processo Civil

🔗 Lei nº 10.406/2002 – Código Civil

🔗 Lei nº 6.015/1973 – Lei dos Registros Públicos

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